Juiz suspende audiência de acusado de matar sogro em farmácia de Goiânia
Ao todo, 13 testemunhas foram ouvidas, entre elas, duas filhas da vítima.
Redação - Goiânia, GO

Um vídeo registrou quando o policial civil aposentado João Rosário Leão, de 63 anos, foi morto a tiros
Imagem: Reprodução/internet
Um juiz suspendeu a audiência de instrução do ex-servidor público Felipe Gabriel Jardim, de 26 anos, acusado de matar o sogro em uma farmácia de Goiânia, para aguardar um laudo de insanidade mental do réu. Um vídeo registrou quando o policial civil aposentado João Rosário Leão, de 63 anos, foi morto a tiros
Até a última atualização desta reportagem, não haviamos obtido contato com a defesa de Felipe Gabriel para que se posicione.
A audiência começou por volta de 13h30, e foi presidida pelo juiz Antônio Fernandes de Oliveira, da 4ª Vara do Fórum Criminal, no Jardim Goiás, e foi encerrada pouco antes das 17h. Já o crime foi no dia 27 de junho deste ano.
Inicialmente, a previsão era de que oito testemunhas do Ministério Público de Goiás (MP-GO) e nove da defesa deveriam ser ouvidas. No entanto, de acordo com o promotor Maurício Gonçalves de Camargos, foram ouvidas 13 pessoas, sendo sete do MP e seis da defesa – as demais foram dispensadas.
Entre as testemunhas ouvidas nesta quinta-feira estão as filhas da vítima Kênnia Yanka Leão, que é ex-namorada de Felipe Gabriel, e Kênnia Yanka Leão, que estava na farmácia quando o pai foi baleado.
“Basicamente, as testemunhas do Ministério Público confirmaram tudo aquilo que já haviam falado no inquérito policial e as testemunhas de defesa vieram, na verdade, para falar que conheciam o Felipe, que ele tinha um bom comportamento com eles”, contou.
Segundo o promotor, o juiz não chegou a fazer o interrogatório do réu e suspendeu o andamento do processo para aguardar um laudo de insanidade mental de Felipe Gabriel.
“Agora, o juiz suspendeu o andamento do processo, não fez interrogatório do réu, porque está em andamento uma perícia para saber a respeito do réu, se ele tem doença mental. A Junta Médica Oficial vai marcar uma data para que ele seja periciado, para fazer o exame de insanidade mental”, contou o promotor.
Maurício explicou ainda que, quando o laudo ficar pronto, o juiz deve dar prosseguimento no processo, fazer o interrogatório do réu, ouvir as alegações finais do MP e da defesa para, por fim, dar a sentença da pronuncia, definindo se Felipe Gabriel passará por júri popular ou não.
“Tendo em vista a instauração do incidente de sanidade mental, o juiz decidiu em interrogar o acusado após a juntada do laudo pericial de sanidade mental”, escreveu o termo de audiência de instrução e julgamento.
Crime e motivação
O crime aconteceu no dia 27 de junho, em uma farmácia no Setor Bueno. Após se aposentar da Polícia Civil, João abriu o comércio em sociedade com outro genro. Felipe Gabriel foi localizado e preso três dias depois do crime, quando foi achado na casa de parentes.
Na época, o delegado responsável pelo caso, Rhaniel Almeida, revelou que o rapaz matou o sogro por causa de um boletim de ocorrência registrado pelo idoso horas antes do crime.
Segundo o delegado, Felipe falou que a ocorrência registrada pelo sogro poderia dificultar a entrada dele na corporação militar. A então namorada dele, Kênnia Yanka, disse que ele andava armado em todos os lugares e o revólver era a coisa que ele mais prezava.
A ex-namorada do jovem e filha do policial aposentado, Kênnia Yanka Leão, contou que o jovem ligou para avisar que matou o idoso.
"Ele me ligou cedo, quando soube [da ocorrência], e falou que ia matar o meu pai. Eu fui correndo atrás do meu pai, mas ele não atendia. Eu peguei o carro e fui para lá, só que o pneu furou e eu não consegui. Quando eu desci para pedir ajuda, ele ligou para dizer que matou meu pai e ia atrás de mim", contou Kênnia Yanka.
O investigador contou ainda que o jovem tinha o sonho de seguir carreira na Polícia Militar e que, quando foi preso, gritou algumas vezes que o "sonho acabou".
Processo e exame de insanidade mental
O Ministério Público denunciou Felipe Gabriel por homicídio duplamente qualificado e porte ilegal de arma, e a denúncia foi aceita pela Justiça. A defesa do jovem alegou no processo que ele possui problemas mentais desde criança e, por isso, não estava em sã consciência quando atirou em João.
O magistrado solicitou, então, que a defesa de Felipe entregue o prontuário médico da clínica que o atendia quando criança. Também determinou que a mãe dele seja curadora no processo. O juiz também marcou uma audiência de instrução e julgamento para 1º de dezembro.
"Em mesma linha, a defesa requereu, ainda, a revogação da prisão preventiva do acusado e sua consequente internação em manicômio judiciário. Ocorre que, para que se determine o encaminhamento do réu a instituição psiquiátrica, faz-se necessária a realização do exame de insanidade mental, a fim de que se ateste a situação de higidez mental do requerente", disse o juiz.
Na decisão dada no dia 27 de setembro, o magistrado disse não ver indícios de que a sanidade mental de Felipe estava comprometida no dia do crime, já que ele passou por exames psicológicos ao tirar porte de arma e ao ser nomeado com cargo na prefeitura.
No entanto, em outubro deste ano, o juiz Antônio Fernandes de Oliveira, da 4ª Vara de Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri de Goiânia, pediu um exame de insanidade mental ao jovem Felipe Gabriel Jardim, de 26 anos, que foi filmado ao matar o sogro, João Rosário Leão, de 63, a tiros em uma farmácia da capital.
Com a suspensão do processo por causa deste exame de insanidade mental, o Goiás Capital entrou em contato com o TJ-GO, por mensagens enviadas por volta de 19h desta quinta-feira, para saber se este exame solicitado em outubro é o mesmo ao que o juiz se refere, e aguarda retorno.
Relacionamento e ameaças
De acordo com a denúncia do MP, Felipe Gabriel namorava Kênnia Yanka desde abril de 2021 e que, em dois episódios, havia ameaçado a namorada com sua arma de fogo, que portava sem autorização legal. Também diz que o jovem chegou a disparar para o alto durante uma festa junina, no dia 25 de junho, ocasião em que o sogro levou Felipe e a filha para casa.
Ao chegar no local, a denúncia explica que ele teria brigado com a namorada e, após interferência do sogro para proteger a filha, o denunciado efetuou novo disparo para cima e atingiu o teto da casa
Em seguida, o documento detalhou que Felipe apontou a arma na direção de João do Rosário e o ameaçou de morte.
"Ele começou a gritar comigo e meu pai falou ‘você não grita com ela não’. No que ele falou, ele atirou para cima e apontou a arma para o meu pai e eu fiquei na frente, ele ficou com a arma na minha cara", detalhou Kênnia Yanka
FALE COM A GENTE
Dúvidas, sugestões de reportagens ou denuncias envie e-mail para redacao@goiáscapital.com
Veja também

Dona Iris recebe alta
Em casa

Amado Batista reúne 20 mil pessoas na Praça da Feira do Setor Morada do Sol
Goiânia 90 anos

Tempestade derruba fios de postes e causa transtornos no Jardim Novo Mundo
CAOS TOTAL