Bolsas pelo mundo têm dia de alta volatilidade com incertezas sobre tarifas de Trump
Bolsa de Nova York abriu em queda de mais de 4%, mas se recuperou e chegou a subir por volta das 11h (horário de Brasília)
Redação - Goiânia, GO

Presidente Donald Trump
Imagem: (Foto: White House)
Bolsas enfrentam uma sessão de alta volatilidade nesta segunda (7) diante das incertezas em torno da nova política tarifária anunciada por Donald Trump. Rumores sobre propostas de negociação e até de um recuo de 90 dias do presidente americano —já desmentido pela Casa Branca— movem investidores aflitos com a entrada em vigor das taxas mais altas, prevista para quarta-feira (9).
Os índices acionários de Wall Street abriram o dia em forte queda, refletindo declarações de autoridades do governo Trump e do próprio republicano reafirmando a manutenção do plano durante o fim de semana. As falas frustraram a expectativa de que o governo poderia anunciar um recuo do plano inicial, nos moldes do que ocorreu com México e Canadá.
Nesta manhã, porém, a disseminação de um boato de que Washington suspenderia o início das novas tarifas por três meses levou a uma breve recuperação do mercados —em Nova York, a Nasdaq chegou a subir 8%. Após o rumor ser desmentido, os índices voltaram a cair.
Às 14h16, os índices S&P500, Nasdaq Composite e Dow Jones caíam 0,84%, 0,30% e 1,27%, respectivamente.
Antes de o mercado abrir, os futuros do Nasdaq chegaram a cair 4,4%. Esses contratos indicam como o mercado espera que os principais índices de ações —como S&P 500 ou Nasdaq— se comportem quando o pregão abrir. Na semana passada, as empresas com ações haviam perdido quase US$ 6 trilhões em valor de mercado.
No Brasil, o dólar tinha alta de 1,11%, cotado a R$ 5,900, e a Bolsa caía 1,06%, a 125.906 pontos. Os ativos daqui também foram embalados pela expectativa de um recuo no choque tarifário.
Na noite de domingo, Trump foi questionado por um repórter se haveria um nível de caos no mercado que o levaria a pausar a entrada em vigor das novas tarifas. “Eu acho a sua pergunta tão burra”, respondeu o presidente. “Não quero que nada despenque, mas às vezes é preciso tomar remédio para consertar alguma coisa”, disse a bordo do Air Force One, o avião presidencial dos EUA.
Antes de os mercados americanos começarem a operar nesta segunda, o republicano fez um apelo em sua conta na rede Truth Social para que as pessoas não entrem em pânico. “Os Estados Unidos têm a chance de fazer algo que deveria ter sido feito HÁ DÉCADAS. Não seja fraco! Não seja estúpido! Não seja um PANICAN (um novo partido baseado em pessoas fracas e estúpidas!)”, escreveu. “Seja forte, corajoso e paciente, e a GRANDEZA será o resultado!”
O pânico, porém, continuou ganhando força em Wall Street. O Vix, popularmente conhecido como o “índice de medo”, ultrapassou 60 na manhã de segunda-feira, número mais alto desde agosto passado. Um aumento acima de 30 é tipicamente associado a uma variação extrema e só ocorreu algumas vezes nos últimos anos.
“Os mercados entraram em pânico com as tarifas de Trump nos últimos dias. O rumor de que haveria uma pausa de 90 dias para negociações, com ressalvas para a China, fez os índices dispararem. Mas a Casa Branca não só não confirmou como disse que se tratava de ‘fake news’. Isso gera uma incerteza muito grande e traz enorme volatilidade, tanto para cima quanto para baixo. O cenário está muito incerto ainda”, disse Ian Lopes, economista da Valor Investimentos.
No final da manhã de segunda. Trump causou novo furor ao ameaçar impor uma tarifa adicional de 50% sobre a China. Em uma nova postagem na Truth Social, ele disse que “se a China não retirar o aumento de 34% acima dos seus abusos comerciais de longo prazo até amanhã, 8 de abril de 2025, os Estados Unidos imporão tarifas ADICIONAIS sobre a China de 50%, com efeito a partir de 9 de abril”.
No mesmo texto, ele afirmou que negociações solicitadas por outros países “vão começar imediatamente”.
Investidores estão atentos para a possibilidade de acordos bilaterais entre Washington e países afetados. Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, afirmou que os EUA foram procurados por mais de 50 países interessados em negociar, mas que “após décadas e décadas” de supostas injustiças com os americanos, seria difícil convencer Trump a assinar um acordo.
Algumas propostas já foram publicizadas. A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, afirmou nesta segunda que o bloco ofereceu zerar as tarifas de importação de bens industriais americanos em troca de os EUA fazerem o mesmo em relação a produtos europeus.
Na semana passada, o Vietnã também propôs que ambos os países zerem as tarifas sobre importações, mas a ideia foi rechaçada nesta segunda pelo conselheiro comercial da Casa Branca, Peter Navarro. “Vamos falar sobre o Vietnã. Quando eles vêm até nós e dizem ‘vamos zerar as tarifas’, isso não significa nada para nós, porque é a trapaça não tarifária que importa”, disse em uma entrevista a um canal de TV americano.
Bangladesh, por sua vez, pediu um adiamento de três meses da entrada em vigor da tarifa de 37% sobre seus produtos. Pela manhã, Trump conversou por telefone com o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, e disse que receberia um time de negociadores do parceiro. Durante a tarde, ele recebe o israelense Binyamin Netanyahu na Casa Branca —Washington anunciou uma tarifa de 17% sobre Tel Aviv.
Reação das bolsas na Europa e Ásia
A aversão ao risco também atingiu a Europa. O índice Stoxx 600, o principal da região, caiu 4,55%, enquanto o Dax, da Alemanha, derreteu 4,13%. O FTSE 100, da Bolsa de Londres, desabou 4,38%. Em Paris, o índice CAC-40 teve desvalorização de 4,78%.
Os movimentos ocorreram após quedas acentuadas nos mercados asiáticos. O índice Hang Seng de Hong Kong liderou os declínios, com recuo de 13,22%, maior queda desde 1997, durante a crise financeira asiática.
O segundo pior resultado do dia foi a desvalorização de 9,7% no índice de referência Taiex de Taiwan.
Os índices de referência da China, CSI300 e SSEC, despencaram 7,05% e 7,34%, respectivamente, após ficarem fechados na sexta-feira devido a feriado nacional. Já a Bolsa do Japão chegou a ter suas negociações paralisadas por dez minutos após abrir em queda de 8,4% e terminou o queda com perda de 8,8%.
Os bancos estavam entre as ações mais atingidas. O maior credor do Japão, Mitsubishi UFJ Financial Group, desabou 10,3%, enquanto o HSBC despencou 15% em Hong Kong. O DBS de Singapura caiu 9,6%.
A Bolsa da Coreia do Sul também passou por um circuit breaker (interrupção de dez minutos), após abrir em queda de mais de 5% —percentual que se manteve.
O índice Hang Seng chegou a cair mais de 9%, com ações das gigantes Alibaba e Baidu recuando mais de 12%.
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