Embora raros, os ataques de onças a pessoas podem acontecer — e, quando ocorrem, causam medo. Os ataques estão quase sempre ligados a situações extremas: o animal está ferido, faminto, ou defende filhotes ou a presa que acabou de abater. Abaixo, vamos relembrar casos em que onças, tigres ou leões atacaram pessoas no Brasil, mas antes, vejamos fatores que podem levar esses felinos a agir com agressividade contra humanos.

Um fator preocupante é a ceva — prática ilegal que consiste em alimentar onças para atraí-las, geralmente com o objetivo de facilitar observação por turistas. Quando acostumadas com comida fácil, as onças perdem o medo natural dos humanos e podem passar a vê-los como alvo ou fonte de alimento.

Essa foi a suspeita no trágico caso de Jorge Avalo, atacado em Aquidauana (MS). O caseiro, que gostava dos felinos e acreditava estar seguro, foi morto e parcialmente devorado. A Polícia Militar Ambiental (PMA) confirmou que havia ceva na região. O episódio relembrou outro ataque, de 17 anos antes, quando uma onça matou um pescador de 22 anos em Cáceres (MT) — também em local com sinais de alimentação irregular.

No Pantanal, onde existe o turismo de observação de onças, o risco de contato direto aumenta. Diferente de tigres ou leões, a onça-pintada caça em silêncio e com surpresa. Estudos mostram que ela consome mais de 85 espécies de animais, mas o ser humano não faz parte dessa lista. O problema começa quando há interferência humana, como aproximação excessiva ou oferta de comida.

Chance de ataque de onça contra pessoas

Apesar do impacto, a chance de uma pessoa ser atacada por uma onça no Brasil é extremamente baixa: 1 em 216 milhões por ano, menos provável do que ser atingido por um raio. Não há dados estatísticos consolidados sobre ataques no Pantanal, mas um levantamento da Universidade Federal do Amazonas apontou 77 mortes por felinos na Amazônia entre 1950 e 2018. A maioria das vítimas era de caçadores solitários.

Para comparação, o Brasil registra uma média de 0,94 ataque de felinos por ano, número muito inferior aos casos com leopardos (29,91/ano), tigres (18,80/ano) e leões (16,79/ano) em outras partes do mundo.

Vale ressaltar que não há superpopulação de onças no Pantanal e o animal, que já perdeu mais da metade de seu território original, está praticamente extinto em biomas como a Mata Atlântica, Caatinga e Pampa.

Relembre casos de ataques de grandes felinos no Brasil

Menino devorado por leão em circo – Recife (2000)

Em abril de 2000, o garoto José Miguel, de 6 anos, foi arrastado e devorado por um leão durante apresentação do Circo Vostok, em Recife. Ao se aproximar da jaula, foi puxado por Bongo, um leão de 220 kg, que o atacou violentamente. Outros felinos também o atacaram. A cena ocorreu diante de quase 3 mil pessoas.

Onça-pintada mata jovem no Pantanal – Cáceres (2008)

Luiz Alex Silva Lara, 22 anos, foi atacado e morto por uma onça-pintada enquanto dormia em uma barraca nas margens do Rio Paraguai. O animal arrastou o corpo pela cabeça para o mato. O pai da vítima testemunhou a cena ao retornar ao acampamento.

Ataque de tigre em zoológico – Cascavel (2014)

Um menino de 11 anos foi mordido por um tigre no zoológico de Cascavel (PR) ao invadir a área de segurança com o pai e tentar alimentar o animal. Ele teve ferimentos graves no braço. O pai foi detido para prestar esclarecimentos.

Pescador atacado por onça-preta – Porto de Moz (2023)

Em novembro de 2023, um pescador foi atacado por uma onça-preta no Pará. O animal foi morto após ser atingido com facão. A vítima foi socorrida com ferimentos nos braços e rosto.

Indígena salva sobrinhos de onça – Nova Bandeirantes (2023)

O indígena Erivaldo Moriman, da aldeia Matrinxã, foi atacado por uma onça-pintada ao proteger dois sobrinhos em Mato Grosso. Ele levou uma mordida na cabeça e levou mais de 150 pontos após sobreviver ao ataque.

Bebê atacada por onça – Carauari (2015)

Uma bebê de 1 ano e 9 meses foi atacada por uma onça enquanto brincava às margens de um rio no Amazonas. A mãe também foi mordida ao tentar salvá-la. O pai matou o animal com um tiro. A criança sofreu ferimentos no crânio.